Fernando Sobral
Muitas construtoras não vão além do
básico da logística por não saber como e quais são os passos que devem ser
seguidos. E a questão que fica é o como estabelecer um procedimento de fácil
aplicação para: avaliação da situação logística atual e a correção dos
possíveis entraves ou gargalos existentes no canteiro de obra.
Os entraves ou gargalos da logística
na construção civil podem estar associados aos níveis de estoque, ao meio de
transporte, ao processo de movimentação, a armazenagem, ao acondicionamento de
cargas, ou ao gerenciamento do sistema de informação. Por causa destes entraves
não é possível a colocação dos componentes certos, no local certo, na
quantidade certa em perfeitas condições de utilização no canteiro de obra.
Um método para aperfeiçoar a operação
logística na construção civil deve consistir na avaliação de cada um destes
elementos e em uma proposta para a resolução do problema.
Pode-se considerar que os princípios
da logística na construção civil buscam solucionar totalmente a demanda de
materiais do canteiro de obra, assegurando que todos os produtos e serviços
funcionem bem e funcionem juntos de forma combinada ou integrada. Logicamente é
fundamental não desperdiçar o tempo da mão de obra ou de equipamentos alocados
na obra por falta de insumos.
Outro ponto importe é o de ofertar
exatamente aquilo que é demanda da obra, ou seja, o produto certo. Porém não só
ofertar aquilo que é demanda, mas ofertar o que é demanda da obra exatamente
onde será aplicado. E o pulo do gato é de ofertar exatamente quando será
aplicada. De tal forma devem-se agregar continuamente soluções para reduzir
tempo e aborrecimentos no canteiro de obras.
No Brasil o conceito de logística
ainda é relativamente recente. Podemos considerar que na distribuição física
sua implementação se deu com a chegada das redes de supermercado americanas e europeias na abertura econômica no início dos anos 90. A logística de suprimento
chegou pelas montadoras que buscavam reduzir seus estoques ou mesmo implantar o
modelo Japonês de Just in time.
A logística da construção civil
poderia ser considerada a logística de processos. O desenvolvimento tecnológico
da construção civil no Brasil se deu de certa forma autônoma. Isto tornou o
desenvolvimento da logística assim como o marketing no setor de certa forma
tardia, e ela aconteceu se referenciando nas outras duas.
O atraso dos estudos do mercado se deu
por um lado, por causa da intervenção dos arquitetos modernistas influenciados
pela construção de Brasília. Os quais tentaram impor um modelo de construção
aos usuários desvinculados dos seus desejos. Por outro lado não contemplava as
necessidades dos parceiros da cadeia de suprimento, desconhecendo marketing
aplicado a gestão da cadeia de suprimento ou o nível de serviço na cadeia
produtiva da construção civil.
Mas, como avaliar e identificar
problemas na cadeia produtiva e verificar o patamar logístico no processo de
construção civil. Vários aspectos devem ser considerados e podemos começar com
a determinação de estoque. Uma técnica recomendada é obedecer aos seguintes
passos:
§
Levantamento
dos Itens de estoque
§
Seleção
dos critérios de avaliação
§
Coleta
dos dados necessários para as alternativas em relação aos critérios
§
Determinação
dos números de categorias
§
Determinação
do método multi critério
§
Classificação
do artigo em grupos
§
Execução
de ajustes necessários de acordo com algumas outras considerações
Esse procedimento visa buscar um estoque
menor, porém sem que faltem insumos na construção.
Além dos estoques uma prioridade no
canteiro de obra é o Sistema de Movimentação e Armazenagem dos Materiais, sendo
que um processo metodológico de avaliação de equipamentos mecânicos deve ser
utilizado. A viabilidade seria determinada pelo montante de recursos investidos
versus o custo operacional do sistema, que apesar de ser uma análise obvia a
ausência de um método tem inibido estudos em muitas empresas do setor.
No tocante a transporte um sistema metodológico
de avaliação de desempenho deve considerar que ainda existe um nicho de
desenvolvimento das caçambas dos veículos associados aos sistemas de unitização
de cargas e de transbordo no setor da construção civil. Que somado aos
desperdícios relativos a programação de rotas e tempo de entrega tem gerado
acréscimos de custos no preço final da obra.
Um check list para a avaliação da
integração dos sistemas de informação entre o canteiro de obra e fornecedores
de insumos deve considerar a implementação de EDI (exchange data information)
ou troca eletrônica de dados e do VMI (Vendor Managed Inventory) ou Estoque
Gerenciado pelo Fornecedor quando os fornecedores de insumo em parceria com a
obra, repõe de forma contínua o estoque do canteiro, baseado em informações
eletrônicas recebidas.
Finalmente, um último item que não
pode ser deixado de lado é a parte do acondicionamento dos insumos, pois ele
irá contribuir muito para a redução dos desperdícios. Uma metodologia de
avaliação deve começar pelas embalagens e também verificar a possibilidade de
unitização das cargas, tanto de forma paletizada com das conteinerizadas.
Estoques, níveis de serviços, sistema
de informação, acondicionamento, transportes, movimentação e armazenagem são os
componentes da logística, e sua integração buscando a redução de custos deve
ser o objetivo das empresas. Um método que contemple essa avaliação é de
fundamental importância para o setor que busca um diferencial de
competitividade.
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